quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Poeta

Eu sou assim:
A sombra
do meu próprio eu,
O eu lírico
de um poema jamais escrito
Sou o renascer.

Sou da vida
o ante-morte,
Sou o existir,
sou a existência,
mesmo quando a vida
já não mais importa.

Sou filho de Adão,
Irmão de Cain,
Sou uma cria de Zeus,
Não mais impotente que Apolo
Sou filho desta Terra,
Sou irmão da minha sombra,
Sou pai da minha vida.

Dos astecas, sou a erva
Dos ciganos, a adaga
Dos chineses, o dragão
Pelas flores, sou a íris
Pelos egípcios, Osíris
Pelos xamãs, a serpente

Nesse mundo, sou a água,
se por assim dizer,
sou o fluxo.

Nomeio-me então Pedro,
Nada mais, nada menos,
Pedro, da cidade das pontes!
Pedro, o ser
que a morte deve temer!

Nasci num dia único,
o dia do Subterrâneo,
o dia das trevas,
o dia do Sombra,
o meu dia.



Intensidade,
a palavra que me define.
Sou o oculto.
Sou o mistério.
Sou EU, e isso é o bastante.

Sou o vingador,
Sou o errante,
Sou o amante,
Anjo caído,
Ser invisível,
Poeta insensível...

Sou somente o que me fascina,
Sou maior que minha vida,
Sou o que me condiz,
Sou menos que um aprendiz,
Sou apenas um servo,
Ainda que cego,
Sou apenas dois,
embora igual a vós.

Sou Poeta, sonhador,
Sou um Eu Imaginário!