sexta-feira, janeiro 20, 2006

Deus

Meu Deus é um sujeito muito estranho
Anda nas ruas sujas,
Nos becos e avenidas,
Ele, porém, não se macula.
A vista de uma civilização
Tão corrompida, não lhe desagrada,
Lhe conforta, pra dizer a verdade.

Anda em trajes tão rústicos,
Um errante no tempo,
Ele se mistura entre nós.
Seria Ele, um insano?
Um louco em carroças de abóboras
Carregadas por camundongos?
Se Ele é deus, quem somos nós?

Deus é onisciente,
Mas nada sabe.
É onipresente,
Mas nunca está.
É onividente,
Mas nada vê.
É um profeta de profecias
Que nunca se realizarão.
Ele sim é Deus.
E Deus, é humano.



(Termino assim, as publicações neste blog!)

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Capataz

Assim acabou!
Basta!
Chega
De tanto Abuso.
Estou cansado de
Ficar reclamando.
Grunhindo!
Híbridos
Incompetentes!
Jogam para o alto
Modelam o destino
Nem sequer
Observam tudo o que eu fiz...
Pilares destruídos.
Quanta vergonha!
Raiva!
Só sobrou isso!
Transtorno...
Unam-se!
Vão à luta!
Xinguem!
Zarpem! Saiam da minha frente!

sexta-feira, dezembro 30, 2005

A Relief

Sometimes I ask myself if this whole thing is really real...
Sometimes I wake up thinking that the dream's over...
Sometimes, I fell like I'm the luckiest guy in the world,
As well, sometimes, I think that I'm not loved anymore...
Sometimes I feel like nobody can see me,
I feel as everybody had forgotten me...
Sometimes I fell depressed,
Sometimes I fell like I'm holding the world on my shoulders
Sometimes I want to expel all the anguish
Sometimes... just sometimes...
I want to give up this journey, and wander...
without motivations, without company, without anything...
But then, I realise that I can't give up
I must continue my journey,
resisting all the pain I suffer...
In the end...
I will see that the whole thing wasn't a waste of time...
At least... I hope so...

sábado, dezembro 24, 2005

O Espelho

Olhar-se no espelho
Ver-se em simetria plena
Serei eu o reflexo,
Ou a Imagem?
Quem sabe?

Quebrar o espelho
e ver tua imagem repartida.
Serás o reflexo agora?
Será tua vida o espelho?
Serás apenas uma parte de um todo?

Quando o espelho quebrar-se,
verás teu futuro, teu passado
Teu presente.
Cada fragmento do vidro
É um trecho de tua vida,
se rompendo, se separando...

Será o espelho minha vida?
Será meu reflexo,
meu verdadeiro EU?
Serei ele, ou ele sou eu?

Será nosso mundo um conjunto espelhado?
Serdes vós um outro reflexo?
Dentre vós sou um espelho. Afirmo.
Pois virdes em mim vosso reflexo.
Sou um reflexo destrutivo.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Poeta

Eu sou assim:
A sombra
do meu próprio eu,
O eu lírico
de um poema jamais escrito
Sou o renascer.

Sou da vida
o ante-morte,
Sou o existir,
sou a existência,
mesmo quando a vida
já não mais importa.

Sou filho de Adão,
Irmão de Cain,
Sou uma cria de Zeus,
Não mais impotente que Apolo
Sou filho desta Terra,
Sou irmão da minha sombra,
Sou pai da minha vida.

Dos astecas, sou a erva
Dos ciganos, a adaga
Dos chineses, o dragão
Pelas flores, sou a íris
Pelos egípcios, Osíris
Pelos xamãs, a serpente

Nesse mundo, sou a água,
se por assim dizer,
sou o fluxo.

Nomeio-me então Pedro,
Nada mais, nada menos,
Pedro, da cidade das pontes!
Pedro, o ser
que a morte deve temer!

Nasci num dia único,
o dia do Subterrâneo,
o dia das trevas,
o dia do Sombra,
o meu dia.



Intensidade,
a palavra que me define.
Sou o oculto.
Sou o mistério.
Sou EU, e isso é o bastante.

Sou o vingador,
Sou o errante,
Sou o amante,
Anjo caído,
Ser invisível,
Poeta insensível...

Sou somente o que me fascina,
Sou maior que minha vida,
Sou o que me condiz,
Sou menos que um aprendiz,
Sou apenas um servo,
Ainda que cego,
Sou apenas dois,
embora igual a vós.

Sou Poeta, sonhador,
Sou um Eu Imaginário!

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Lembranças

Das velhas botas,
Só as solas voltaram,
Longos caminhos,
Caminhos sem volta,
Caminhos sem botas

Aquelas roupas,
Marcaram presença,
Se foram com pressa,
Longos trapos,
Hoje formados

Alegres brincadeiras,
Sem eiras nem beiras,
Hoje lembrança,
De um risonho passado,
De um gordinho de tranças,
Com um passado enterrado

Sonhos de criança,
Vieram à tona,
Aqueles longos caminhos,
Aquela pobre criança,
Vivia na lona,
Hoje nos sonhos,
De um velho mesquinho
Passado que se foi,
Passado mal passado,
Pretérito imperfeito,
De um livro mal escrito,
Tempo do borrão,
Que hoje é a redação,
De um velho analfabeto,
De um velho com paixão

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Às escondidas

Lua, que bela és.
Um dia ainda serás minha.
É impossível não me sentir assim.
Zombar, não adianta.
Amar-te é meu destino.

(Faço esse poema às escondidas
porque quando te vejo assim,
tão serena, fica difícil me concentrar)

Embora pouco te veja,
Uma só vez por dia.

(Um dia serás minha por completo,
não por um período, talvez assim
declarar-te-ei o meu amor)

Mas, um dia,
Embora não pareça.

(Vou te seguir por todo lugar,
assim ficarei contigo sempre)

Minhas promessas eu vou cumprir
Ou de nada valerá este poema.